O advento da informática e a instauração do consumismo desmedido, sobretudo o tecnológico, ao mesmo tempo em que aproximam as pessoas virtualmente, exercem um efeito estranho no comportamental humano, a partir do que as pessoas passam a ter dificuldade no trato humano presencial e acabam por confundir o ambiente social físico com o ofertado pela internet.
Nas ruas, os aparelhos de MP3, celulares, iPads e afins substituem o diálogo espontâneo e amistoso entre desconhecidos e colocam as pessoas vinculadas ao próprio mundo, roubando-lhes oportunidades valiosas de interação social.
Mudanças no linguajar e até a criação de uma linguagem adulterada e sintetizada através da aproximação fonética, misturando idiomas como que desfigurando totalmente a gramática apontam para uma mudança cultural que mais parece um retrocesso. Isto ocorre ao mesmo tempo em que a liberdade de expressão, que virtualmente se dá de forma destemida e inconsequente, ultrapassa cada vez mais os limites do decoro social e flagram jovens mais agressivos e abusados demonstrando um tipo de ousadia que excede os limites da cidadania.
É como se um novo universo surgisse diante dos nossos olhos a fim de servir aos senhores da pressa, da superficialidade e da fantasia.
Movidos pela onda dos BB (Big Brothers), num efeito retardado da obra 1984, de George Orwell, os integrantes da nova onda virtual andam se banalizando e resumindo suas vidas ao que podem viver virtualmente. Uns se fazem grandes imperialistas ou fazendeiros, montando cafés e fazendinhas muito prósperas, onde crescem à custa de roubo, exploração e esperteza, características típicas de um mundo corrompido e ambicioso, tal ocorreu na realidade forjada pelos Estados Unidos. Outros, aficionados por jogos, sequer possuem editores de texto em seus computadores, apenas o acesso rápido à internet e uma infinidade de jogos onde podem matar sem escrúpulo ou assumirem personalidades bizarras a fim de exterminar adversários de qualquer estirpe, forma ou pretensão.
Resulta disso casos cada vez mais frequentes de casais que abandonam seus filhos pequenos sozinhos em casa, por horas ou dias, para vivenciarem um grande torpor nas cadeiras da lan house.
Este tipo de hipnose que leva milhões de seres humanos a preferirem dar satisfação de suas vidas e pensamentos a amigos desconhecidos e tentam saciar suas carências conquistando seguidores do mundo inteiro que deverão, por sua vez, bajulá-los muito, mesmo sem conhecê-los, integram o quadro perfeito do processo de banalização pela internet.
Não se pode, porém, atribuir esse comportamento, que chega a preocupar as autoridades educacionais, ao advento da informática. O perigo reside no uso que se faz das chamadas redes sociais e outros favoritismos da rede cibernética, âmbito no qual as pessoas mais reforçam seus “deslimites” de personalidade, do que se aprimoram enquanto seres humanos que são ou deveriam ser.
Os chamados fakes ou perfis falsos criam um mundo de ilusão ainda maior do que o já ofertado pela própria realidade, onde os sonhos de consumo, a princípio inatingíveis, tomam lugar no topo das metas pessoais.
O que essas pessoas, que se marginalizam a cada dia um pouco mais através da vida ideal que criaram para si na internet, têm a somar com o campo mórfico da nossa espécie na atual geração em desenvolvimento?
Mesmo aceitando a multidimensionalidade revelada pela física quântica, em que realidade existencial nós poderíamos enquadrar esses espécimes bitolados pela dependência virtual que possuem por grupos sociais as redes como Orkut, Sonico, Facebook e Twitter?
Haverá futuro para nós se pessoas desse tipo de enquadramento tiverem de tomar decisões em nome da humanidade terrena?
Nenhum comentário:
Postar um comentário